terça-feira, 26 de julho de 2011

Trabzonspor: o relatório

Trabzonspor: o relatório

Vice-campeão turco em 2010/11, o Trabzonspor terminou o exercício com apenas duas derrotas e os mesmos pontos do campeão Fenerbahçe, mas perdeu o título no saldo entre golos marcados e sofridos. Um desfecho amargo para uma temporada histórica da «Tempestade do Mar Negro», baseada numa tremenda segurança defensiva – apenas 23 golos sofridos em 34 jogos, 19 dos quais com «balizas virgens» – e na exploração da criatividade e velocidade de jogadores como Burak, Alanzinho ou Jajá Coelho, suportada pela qualidade dos médios Selçuk e Colman, a que se juntou a capacidade goleadora de Umut Bulut e Jajá Coelho.

O principal responsável pela época bem sucedida é o carismático Şenol Güneş, treinador que conduziu a Turquia ao 3º lugar no Mundial 2002 e uma das maiores referências da história do clube, fruto dos mais de 400 jogos e 6 títulos nacionais como guarda-redes, como também pelos 4 vice-campeonatos em 5 passagens como treinador. Mantém-se em funções para 2011/12, mas terá pela frente o enorme desafio de reconstruir um plantel desfeito durante o defeso, fruto das saídas de quatro unidades nucleares – o central Egemen Korkmaz, o médio centro Selcuk Inan, o falso avançado Jajá e o avançado centro Umut Bulut -, como também de jogadores frequentemente utilizados como Cale, Ceyhun e Yattara. Para isso, teve à sua disposição um orçamento para aquisições superior a 15 milhões de euros, o que lhe permitiu assegurar as contratações do versátil defesa checo Ondrej Celustka, do médio defensivo Didier Zokora, do médio criativo polaco Adrian Mierzejewski, e dos avançados Halil Altintop, internacional turco com carreira construída no futebol alemão, e Paulo Henrique, brasileiro que se destacou, em 2010/11, nos belgas do Westerlo, a que se juntaram ainda algumas promessas do futebol turco, como Baris Özbek, Aykut, Sercan ou Eren.

As indicações dadas durante o estágio de pré-temporada na Holanda foram positivas e mostraram uma equipa a ganhar consistência de jogo para jogo: em 5 particulares, diante de Uerdingen, Otelul Galati, Gent, Genk e Charleroi, o Trabzonspor somou 2 vitórias e 3 empates. Se é certo que o sector defensivo ainda não apresenta os índices revelados na temporada anterior, patenteando até algumas fragilidades, a equipa mostra já uma desenvoltura interessante em acções de ataque organizado e, principalmente, em ataque rápido, a grande arma dos «Bordo-Mavililer». Camaleão táctico, Şenol Güneş abdicou do 4x2x3x1 e 4x4x2 clássico, os modelos que mais utilizou em 2010/11, apostando, preferencialmente, num 4x3x3, desdobrável em 4x2x1x3, e num 4x4x2 losango. Há mais de uma semana a preparar os jogos com o Benfica, com a maior parte dos treinos a serem realizados à porta fechada, Güneş tem dado indicações que poderá apostar numa estratégia mais expectante e recuperar o 4x2x3x1 para o jogo do Estádio da Luz, ainda que a possível presença de Alanzinho e Burak no «onze» possa permitir a transformação, sem recorrer a substituições, num 4x4x2 losango.

Onze Provável para o jogo do Estádio da Luz (4x2x3x1)

- Com Onur Kıvrak, guarda-redes titular, lesionado, Tolga Zengin, capitão do Trabzonspor e habitual suplente, será o titular. Também ele teve problemas físicos durante a pré-temporada, o que fez com que apenas realizasse um dos cinco particulares: Bora Sevim, 3º guardião, foi o titular nos outros quatro jogos.

- Na defesa, ainda existem dúvidas sobre a utilização de Piotr Brozek, a contas, nos últimos dias, com alguns problemas físicos. O checo Ondřej Čelůstka, último reforço da equipa, deverá ser a alternativa caso Brozek não recupere, mesmo não se tratando de um lateral esquerdo de raíz. Ferhat Öztorun e Eren Albayrak, jogadores capazes de actuar como lateral ou ala, são as outras opções para o lugar. No centro da defesa, Giray Kaçar é indiscutível. Ao seu lado, deverá actuar Arkadiusz Głowacki, experiente internacional polaco, pouco utilizado na pré-temporada devido a lesão. Ganha a corrida a Mustafa Yumlu, o central mais utilizado nos jogos de preparação. À direita, Serkan Balcı, sub-capitão de equipa, deverá ser o titular, mas Şenol Güneş também tem testado o checo Čelůstka na posição.

- No meio-campo não existem grandes dúvidas: Didier Zokora, mais fixo, e o argentino Gustavo Colman, com maior amplitude de movimentos, deverão formar a dupla de médios centros, enquanto que o polaco Adrian Mierzejewski deverá assumir o papel de médio criativo, mesmo tendo realizado uma pré-época irregular. Nas alas, Burak Yılmaz deverá ser o titular à direita, enquanto que o imprevísivel Alanzinho poderá ser a surpresa à esquerda, ficando Halil Altintop, que ainda não está na sua melhor forma, no banco e pronto a ser lançado como «arma-secreta» na segunda parte. A presença de Burak, também capaz de actuar como segundo avançado, e de Alanzinho no «onze» permite a Şenol Güneş transformar, em caso de necessidade, o 4x2x3x1 em 4x4x2 losango sem recorrer a substituições. Aykut Akgün, Barış Ataş, também adaptável a lateral, e Sezer Badur são as outras opções para a zona central do terreno, enquanto que Sercan Kaya e Alanzinho podem desempenhar as funções de médio criativo. Para as alas, Mehmet Çakır é a principal alternativa para a direita, enquanto que Engin Baytar, Ferhat Öztorun e Eren Albayrak são as outras opções para o flanco esquerdo.

- O ataque deverá ser entregue a Paulo Henrique, avançado brasileiro que se adaptou bem ao estilo de jogo da equipa e apontou 2 golos durante a pré-temporada. O polaco Pawel Brozek surge como alternativa, ainda que, numa possível alteração para um esquema com 2 avançados, os versáteis Halil Altintop ou Burak Yılmaz sejam as principais opções de Şenol Güneş para actuar ao lado de Paulo Henrique, também ele capaz de jogar a partir de um dos flancos.



Chaves

1. Ataques Rápidos – São a principal arma ofensiva do Trabzonspor. Explorar a velocidade, mobilidade e capacidade de desmarcação de Paulo Henrique, Burak, Halil Altintop ou Alanzinho, a partir de passes longos desde a 1ª e 2ª fase de construção, normalmente realizados por Giray, Zokora, Colman ou Piotr Brozek, de acções de condução de Colman, mais em força, e Alanzinho, combinando velocidade e técnica, ou da capacidade de passe do polaco Adrian Mierzejewski, especialista a realizar passes de ruptura entre a 3ª e a 4ª fase de construção. Se é certo que os «Bordo-Mavililer» são mais perigosos a explorar as transições rápidas defesa-ataque, também é verdade que se mostram confortáveis a assumir a posse e circulação de bola, num futebol baseado em passes curtos e médios, mas perdem, muitas vezes, objectividade, apesar dos laterais se revelarem capazes de dar profundidade ao jogo ofensivo.

2. Consistência táctica – É uma das imagens de marca das equipas de Şenol Güneş, o que ajuda a explicar o fantástico registo defensivo da temporada anterior. Com as transformações que a equipa sofreu, ao perder unidades nucleares do sector defensivo e intermediário, a manutenção dessa consistência será um dos grandes desafios do técnico, que, por isso mesmo, deverá apostar numa estratégia de maior contenção no Estádio da Luz. Se a aquisição de Zokora oferece ao meio-campo mais poder e disponibilidade física, como também mais agressividade e capacidade de recuperação, a pré-temporada mostrou deficiências no sector defensivo, onde será complicado suprir a perda do central Egemen Korkmaz.

3. Bolas Paradas – O Trabzonspor é uma equipa muito forte a explorar lances de bola parada. Colman (destro) e Mierzejewski (canhoto) são especialistas na execução de livres directos, livres laterais e pontapés de canto, o que os leva a repartir essa tarefa. Burak Yılmaz (destro) é outra opção para a execução de livres directos. A subida dos centrais - Giray é muito perigoso a atacar o 1º poste - e a astúcia de Paulo Henrique a movimentar-se e a conquistar posição aos defesas adversários garantem um bom aproveitamento de bolas paradas indirectas, como foi vísivel nos jogos da pré-temporada.

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